Osteoporose é uma condição metabólica que se caracteriza pela diminuição
progressiva da densidade óssea e aumento do risco de fraturas.
Para entender o que acontece, é preciso lembrar que os ossos são
compostos de uma matriz na qual se depositam complexos minerais com cálcio.
Outra característica importante é que eles estão em constante processo de
renovação, já que são formados por células chamadas osteoclastos encarregadas
de reabsorver as áreas envelhecidas e por outras, os osteoblastos, cuja função
de produzir ossos novos. Esse processo permanente e constante possibilita a
reconstituição do osso quando ocorrem fraturas e explica por que a mais ou
menos a cada dez anos o esqueleto humano se renova por inteiro.
Com o tempo, porém, a absorção das células velhas aumenta e a de
formação de novas células ósseas diminui. O resultado é que os ossos se tornam
mais porosos, perdem resistência. Perdas mais leves de massa óssea caracterizam
a osteopenia. Perdas maiores são próprias da osteoporose e podem ser
responsáveis por fraturas espontâneas ou causadas por pequenos impactos, como
um simples espirro ou uma crise de tosse, por exemplo.
Na maioria dos casos, a osteoporose é uma condição relacionada com o
envelhecimento. Ela pode manifestar-se em ambos os sexos, mas atinge
especialmente as mulheres depois da menopausa por causa da queda na produção do
estrógeno.
Veja a entrevista com o Dr. Olavo Letaif
A prevalência da
osteoporose, acompanhada da morbidade e mortalidade de suas fraturas, aumenta a
cada ano. Estima-se que com o envelhecimento populacional na América Latina, o
ano de 2050, quando comparado a 1950, terá um crescimento de 400% no número de
fraturas de quadril para homens e mulheres entre 50 e 60 anos, e próximo de
700% nas idades superiores a 65 anos. Estima-se que a proporção da osteoporose
para homens e mulheres seja de seis mulheres para um homem a partir dos 50 anos
e duas para um acima de 60 anos. Aproximadamente uma em cada três mulheres vai
apresentar uma fratura óssea durante a vida.
Como qualquer outro tecido do nosso corpo, o osso é uma
estrutura viva que precisa se manter saudável, e isso acontece mediante a
remodelação do osso velho em osso novo. A osteoporose ocorre quando o corpo
deixa de formar material ósseo novo suficiente, ou quando muito material dos
ossos antigos é reabsorvido pelo corpo - em alguns casos, podem ocorrer as duas
coisas. Se os ossos não estão se renovando como deveriam, ficam cada vez mais fracos
e finos sujeitos a fraturas.
Sintomas
A osteoporose é uma doença de instalação
silenciosa. O primeiro sinal pode aparecer quando ela está numa fase mais
avançada e costuma ser a fratura espontânea de um osso que ficou poroso e muito
fraco, a ponto de não suportar nenhum trauma ou esforço por menor que sejam.
As lesões mais comuns são as fraturas das vértebras
por compressão, que levam a problemas de coluna e à diminuição da estatura e as
fraturas do colo do fêmur, punho (osso rádio) e costelas. Nas fases em que se
manifesta, a dor está diretamente associada ao local em que ocorreu a fratura
ou o desgaste ósseo.
Diagnóstico
A densitometria óssea por raios-X é um exame não
invasivo fundamental para o diagnóstico da osteoporose. Ele possibilita medir a
densidade mineral do osso na coluna lombar e no fêmur para compará-la com
valores de referência pré-estabelecidos. Os resultados são classificados em
três faixas de densidade decrescente: normal, osteopenia e osteoporose.
Prevenção
Como até os 20 anos, 90% do esqueleto humano estão
prontos, medidas de prevenção contra a osteoporose devem ser tomadas desde a
infância e, especialmente, na adolescência para garantir a formação da maior
massa óssea possível. Para tanto, é preciso pôr em prática três medidas
básicas: ingerir cálcio, tomar sol para fixar a vitamina D no organismo e fazer
exercícios físicos. Na verdade, essas regras devem ser mantidas durante toda a
vida, principalmente, a atividade física tem efeito protetor sobre o tônus e a
massa muscular, que se reflete na melhora do equilíbrio e ajuda a evitar as
quedas ao longo da vida.
Causas
Nós temos no corpo células responsáveis pela formação óssea e outras
pela reabsorção óssea. O tecido ósseo vai envelhecendo com o passar do tempo,
assim como todas as outras células do nosso corpo. O tecido ósseo velho é
destruído pelas células chamadas osteoclastos e criados pelas células
reconstrutoras, os osteoblastos. Esse processo de destruição das células é
chamado de reabsorção óssea, que fica comprometido na osteoporose, pois o corpo
passa a absorver mais osso do que produzir ou então não produzir o suficiente.
Alguns problemas podem interferir na formação dos ossos:
Fatores de risco
· Mulheres e homens
orientais correm mais risco de sofrer fraturas pela osteoporose, por um
problema anatômico no fêmur
· História prévia de
fratura por trauma mínimo
· Tabagismo
· Baixa atividade física
· Baixa ingestão de cálcio
· Baixa exposição solar
· Alcoolismo
·
Imobilização
· Ausência de períodos
menstruais (amenorréia) por longo período
· Baixo peso corporal.
Deficiência de cálcio
O cálcio é
um mineral essencial à formação normal dos ossos. Durante a juventude, o corpo
usa o mineral para produzir o esqueleto. Além disso, o osso é o nosso principal
reservatório de cálcio, e é ele quem fornece esse nutriente para outras funções
do corpo, como o funcionamento cardíaco. Quando o metabolismo do osso está em
equilíbrio, ele retira e repõe o cálcio dos ossos sem comprometer essa
estrutura. Esses nutrientes são obtidos por meio da alimentação, por isso, se a
ingestão de cálcio não é suficiente, ou então o organismo não está conseguindo
absorver esse cálcio ingerido, a produção de ossos e tecidos ósseos pode ser
afetada, não havendo nutrientes suficientes para produzir o esqueleto e suprir
toda a demanda de cálcio do resto do corpo. Dessa forma, a ingestão
insuficiente ou a má absorção desses nutrientes pode ser uma das causas da
osteoporose.
Envelhecimento e menopausa
Em homens, baixos níveis de testosterona (hipogonadismo) também podem
favorecer a osteoporose, uma vez que este hormônio entra na formação do tecido
ósseo.
Tratamento
Como a osteoporose pode ter diferentes causas, é
indispensável determinar o que provocou a condição, antes de propor o
tratamento, que deve ter por objetivo evitar fraturas, diminuir a dor, quando
existe, e manter a função.
Existem várias classes de medicamentos que podem
ser utilizadas de acordo com o quadro de cada paciente. São elas: os hormônios
sexuais, os bisfosfanatos, grupo que inclui diversas drogas (o mais comum é o
alendronato), os modeladores de receptores de estrogênio e a calcitonina de
salmão. A administração subcutânea diária do hormônio das paratireoides está
reservada para os casos mais graves de osteoporose, e para os intolerantes aos
bisfosfonatos.
Recomendações
Sempre é bom lembrar que:
1) a osteoporose não é problema que atinge só as mulheres.
Ela afeta também os homens. Nelas, a causa mais comum é a queda na produção de
estrógeno depois da menopausa; neles, o índice da massa corpórea abaixo de 20,
a falta ou excesso de exercício, diabetes, hipertireoidismo, doença do glúten,
drogas contra a epilepsia ou imunossupressores usados em transplantes de órgão;
2) a dieta diária deve incluir alimentos ricos em
cálcio como leite, queijos, iogurtes; o cálcio é um mineral indispensável para
garantir a recomposição da estrutura óssea;
3) suplementos de cálcio e vitamina D são
recomendados para manter a massa óssea, especialmente nos pacientes cujas
dietas são pobres em leite e laticínios, e que apanham pouco sol;
4) caminhar, andar de bicicleta, nadar, correr e,
especialmente, exercícios com pesos são fundamentais para manter o tônus
muscular e prevenir a osteoporose;
5) os esportes mais indicados para a produção
contínua de massa óssea são os que provocam grande tensão muscular. Músculos
exercitados e em movimento colaboram para que os ossos fiquem mais fortes e
reduzem o risco de quedas e fraturas nas pessoas de idade;
Perguntas frequentes
Quem não gosta de leite apresenta maior risco de ter osteoporose?
Não. Uma das dicas de prevenção da doença é preocupar-se com a ingestão
mínima de cálcio necessário para manter os ossos saudáveis. São recomendados
1.200 mg por dia. Para quem não gosta de leite, é só recorrer a outros
laticínios, como queijo.
Quem tem osteoporose não pode praticar atividade física?
Pelo contrário. Praticar exercícios físicos é essencial. Nesse caso, os
exercícios devem ter impacto mínimo. Caminhada é a
atividade mais recomendada.
Devo me preocupar com a osteoporose somente após a menopausa?
Não. O nível de cálcio no organismo, de fato, é menor após a menopausa,
mas a sua incidência não está ligada a essa fase. Sua prevenção deve ser uma
preocupação ao longo da vida. Para isso, basta seguir algumas ações cotidianas,
como expor-se à luz do sol sem filtro, durante 15 minutos todos os dias. O sol
deve incidir sobre a face, tronco superior e braços. Atenção: deve-se evitar o
sol após 10 horas da manhã. Vale ainda ingerir vitamina D diariamente. Verduras
e laticínios fortificados fornecem este tipo de vitamina.
A osteoporose é uma doença feminina?
Mulheres têm mais osteoporose que os homens, pois têm os ossos mais
finos e mais leves e apresentam perda importante durante a menopausa. No
entanto, homens com deficiência alimentar de cálcio e vitaminas estão sujeitos à
doença. Inclusive, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into)
criou o Programa de Osteoporose Masculina (PROMA), desde março de 2004, com o
objetivo de quantificar as vítimas da doença para tratá-las e estudar a sua
incidência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário